[RESENHA] A Roda do Tempo (Livro 1) - O Olho do Mundo



A Saga A Roda do Tempo está de volta ao Vagando e Divagando. Dessa vez comigo, Wesley, começando a série desde seu início e se preparando para a aguardada adaptação feita pela Amazon Prime Video, que estreia dia 19 de Novembro. Então vamos conferir o que achei da primeira experiência com a Saga? Antes disso, se quiserem conferir a resenha que a Gisele fez há alguns anos, aqui está!

Um dia houve uma guerra tão definitiva que rompeu o mundo, e no girar da Roda do Tempo o que ficou na memória dos homens virou esteio das lendas. Como a que diz que, quando as forças tenebrosas se reerguerem, o poder de combatê-las renascerá em um único homem, o Dragão, que trará de volta a guerra e, de novo, tudo se fragmentará.

Nesse cenário em que trevas e redenção são igualmente temidas, vive Rand al’Thor, um jovem de uma vila pacata na região dos Dois Rios. É a época dos festejos de final de inverno — o mais rigoroso das últimas décadas —, e mesmo na agitação que antecipa o festival, chama a atenção a chegada de uma misteriosa forasteira.

Quando a vila é invadida por bestas que para a maioria dos homens pertenciam apenas ao universo das lendas, a mulher não só ajuda Rand e seus amigos a escapar dali, como os conduz àquela que será a maior de todas as jornadas. A desconhecida é uma Aes Sedai, artífice do poder que move a Roda do Tempo, e acredita que Rand seja o profético Dragão Renascido — aquele que poderá salvar ou destruir o mundo.

Não posso dizer que sempre me interessei por A Roda do Tempo. A periodicidade incerta da publicação brasileira e a intimidante duração de 14 livros + uma prequela que, salvo engano, conta os anos anteriores de Moiraine e Lan antes do início dos acontecimentos da saga, certamente me manteve afastado por um bom tempo desse que é um dos maiores clássicos do meu gênero favorito: Fantasia. E essa é a hora em que eu digo como estou arrependido de ter passado tanto tempo sem botar meus olhos nas palavras de Robert Jordan.



O prólogo desse livro gente! O prólogo! Facilmente um dos mais intrigantes e interessantes que li nos últimos tempos. Ao mesmo tempo que é misterioso, estabelece de forma bem rápida tudo o que precisamos saber para o início dessa jornada sombria.

E é quando as coisas começam para valer que vamos tendo total noção da forma com que a narrativa e o mundo se expandem para além dos Dois Rios, o vilarejo onde moram os nossos protagonistas e para onde a Aes Sedai Moiraine e o Guardião Lan vão em busca de algo importantíssimo para o mundo.

Nesses primeiros capítulos também vemos como Robert Jordan mais do que se inspirou em Senhor dos Anéis para criar ao menos a premissa inicial de toda a saga. Uma festa que antecede a aventura. Uma figura maligna supostamente aprisionada, capaz de influenciar, dos confins de onde estiver, o destino de todos através daqueles que o seguem. Entre esses que os seguem, os cavaleiros sombrios andando em bando comandando criaturas malignas. Mais Senhor dos Anéis impossível.

Ainda assim é importante ressaltar que ao longo da narrativa ele já vai se distanciando um pouco dessa imagem. Logo esse apoio na fantasia que mais influenciou autores no mundo deixa de ser necessária e Jordan, com seus personagens, conseguem caminhar com os próprios pés.



Voltando. Boa parte da primeira metade do livro é uma grande fuga, com pausas bem pontuais para alguns desenvolvimentos narrativos e de personagens, fornecendo algumas poucas respostas e deixando ainda mais perguntas para trás.

Em certo ponto o grupo de protagonistas, por sinal composto por Rand, Egwene, Moiraine, Lan, Nynaeve, Mat e Perrin, se separa. O que antes acompanhávamos através do ponto de vista de Rand agora se divide também para Perrin e Nynaeve. E eu realmente achava que isso seria um ótimo recurso para evitar a repetição que já ameaçava os capítulos. O resultado disso são 200 páginas (ou mais) quase totalmente descartáveis. A repetição chegou e quase nada aconteceu nesse ponto, com exceção da conveniente descoberta de um dom de Perrin (não lembro de qualquer pista para isso) e acontecimentos pontuais.

Mas deixa eu falar uma coisa: ainda que se torne repetitivo, por algum motivo o livro flui muito bem, mesmo sem as aguardadas novidades que nós como leitores queremos tanto. A escrita de Robert Jordan (e a tradução, é claro) colabora para que o ritmo seja bom mesmo nos momentos mais lentos.

Sobre os personagens até esse momento da obra. Rand não é dos protagonistas mais interessantes, mas certas pistas vão sendo plantadas com coisas que ele vai fazendo inconscientemente e isso nos deixa curiosos para ver como a coisa vai se desenvolver. Moiraine é uma personagem incrível, misteriosa e definitivamente não sabemos 1% do que ela tem em mente. Lan é outro personagem misterioso e, para além de suas habilidades incríveis, só vamos saber algo de fato sobre ele bem mais próximo do livro.

A dupla Egwene e Nynaeve prometem muito! A segunda era uma Sabedoria, um tipo de curandeira em Dois Rios. E Egwene estava sendo ensinada para assumir o posto quando Nynaeve não pudesse mais. Isso tudo até a chegada da Aes Sedai, que muda completamente o rumo do que as duas estavam fazendo. Eu só consigo esperar mais duas Aes Sedai poderosíssimas vindo aí.

Eu confesso que não gostei muito de Mat, mesmo sabendo o motivo de algumas de suas atitudes. Quanto a Perrin, é o que já falei: o personagem serviu de conveniência para algo sem nenhum contexto anterior e que ainda não fica exatamente claro para o leitor onde isso pode nos levar. E ele no geral é um personagem bem sem graça.



Quando volta a acelerar e entra em seus momentos finais, O Olho do Mundo pode não ficar muito grandioso, mas entrega muito! É um final excelente e estabelece firme a base para o que veremos a seguir.

800 páginas são um exagero para um livro introdutório onde pelo menos 200 páginas em sequência não acrescentam muito à mitologia e aos seus personagens? Talvez. Mesmo assim, O Olho do Mundo tem sucesso ao se apresentar como o primeiro livro de uma saga digna de sua grandiosidade.

Esperem por muito mais A Roda do Tempo nos próximos meses. Até a estreia da série devo voltar com a resenha do livro dois. E quem sabe eu até comente os episódios por aqui. Não vejo a hora de ver a imponente Moiraine de Rosamund Pike em tela.

Até breve!

Ps.: É incrível como todo lugar seguro não é nem um pouco seguro nesse livro.

Autor: Robert Jordan | Editora: Intrínseca | Páginas: 800 | Ano: 2013 | Tradução: Fábio Fernandes

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