[RESENHA] Descender: Lua Mecânica (Vol. 2)

No ano passado, Descender: Estrelas de Lata, volume 1 da série, foi uma das minhas leituras favoritas, por toda a imensidão apresentada do universo da obra e pelos personagens cativantes e trama misteriosa. Criatividade que vem da mente de Jeff Lemire e belíssima arte de Dustin Nguyen. E hoje, finalmente, temos o segundo volume em mãos para dar prosseguimento na jornada de descoberta de Tim-21 e todos os acontecimentos que levaram à quase extinção dos robôs.

No segundo volume, Lua Mecânica, que reúne os fascículos de 7 a 11, os autores dão sequência à jornada eletrizante de Tim-21 e seus amigos. Novas alianças se formam, antigas ameaças se fortalecem, e a chegada do robô a um lugar misterioso pode mudar drasticamente o destino da galáxia.

[SPOILERS DO VOLUME 1 e 2 A SEGUIR]

Lua Mecânica começa exatamente de onde paramos em Estrelas de Lata. Tim-21 e seus companheiros, Telsa e Dr. Quon são capturados no planeta Gnish e após alguns acontecimentos traumáticos, principalmente para Quon, chega um misterioso grupo de robôs e, para a surpresa de todos, um deles também é da série Tim, mais precisamente Tim-22. Eles são da HardWire, uma organização de robôs que luta pela própria causa, de ser livre e acabar com toda a perseguição que sofrem. Obviamente, não é um grupo que joga completamente limpo o jogo que colocou todo esse universo no caos em que se encontra.

No momento, como a CGU, eles estão de olho em Tim-21 e foram a seu "resgate" em Gnish, com o objetivo de levá-los até sua espetacular base. E dessa forma vamos ficando aos poucos por dentro dos misteriosos planos do grupo.

Paralelamente, os amigos de Tim-21, Perfurador e Bandit, além do agente Tullis, ficam para trás em Gnish e dão início a um novo arco que inevitavelmente se encontrará novamente com nosso protagonista, com a inesperada ajuda de um novo personagem.

[FIM DOS SPOILERS]

Esse segundo volume serve muito bem para fincar algumas bases na narrativa. Não é muito fácil prever os caminhos que a série pode tomar a partir deste ponto e os planos da HardWire são igualmente misteriosos para nos dizer alguma coisa e mesmo após o previsível e ainda assim chocante final do volume, reina a curiosidade para  o que vem por aí. Não podemos esquecer, é claro, da CGU (Conselho Galáctico Unido), que também está atrás do grupo.

Apesar de não andar tanto com a trama, Jeff Lemire faz muito bem ao continuar desenvolvendo os personagens, seus sentimentos e medos, além de dar para a maioria deles um objetivo a se alcançar. E é uma surpresa agradável a trama que ele tratou de desenvolver com os que ficaram para trás, ao mesmo tempo em que continua a entregar fatos do passado através dos flashbacks.

E eu não achava que seria possível, mas a arte de Dustin Nguyen está ainda melhor neste volume. Que trabalho incrível! A arte perfeita para o clima que Descender transmite ao leitor. 

O próximo volume marcará a metade do caminho e espero que a Intrínseca traga logo. O final de Lua Mecânica nos deixa ansiosos para o que vem por aí. Espero que tenham gostado e até a próxima!

Autores: Jeff Lemire (Roteiro) e Dustin Nguyen (Arte) | Editora: Intrínseca | Páginas: 128 | Ano: 2021 | Tradução: Fernando Scheibe