[RESENHA] Jogador Número Um



Como é legal a experiência de uma releitura que parece ser novamente a primeira vez lendo um livro. Foi essa a sensação que eu tive com a minha segunda leitura de Jogador Número Um, aproveitando o relançamento da obra na linda edição da Intrínseca, inclusive para atualizar um pouco a resenha que eu mesmo publiquei há alguns anos.
O ano é 2045 e o mundo real é um lugar terrível. Para escapar, a humanidade passa a maior parte do tempo logada no OASIS, uma realidade virtual utópica com milhares de planetas onde as pessoas podem ser o que quiserem e coisas fantásticas acontecem — magos duelam contra robôs japoneses gigantes, há planetas inteiros inspirados em Blade Runner e DeLoreans voadores podem atingir a velocidade da luz. Wade Watts cresceu dentro do OASIS, brincando com seus programas educativos, e, aos dezoito anos, a plataforma ainda é a melhor parte de sua vida. Mas está em risco, graças à Caçada.

Quando o excêntrico criador do OASIS morreu, deixou para trás um concurso para definir seu herdeiro. O primeiro usuário que desvendar as pistas, vencer uma série de desafios e chegar ao Easter egg ganhará a vasta fortuna do bilionário e o controle total da plataforma. Milhões de pessoas entram na disputa — inclusive Wade, que passa a estudar obsessivamente a cultura pop dos anos 1980 que o criador adorava —, mas também funcionários de uma perigosa corporação, que pretende limitar o acesso à plataforma.



Não sei se já é um exagero chamar a mais aclamada obra de Ernest Cline de um clássico moderno mas, sem dúvidas, esse é um livro daqueles que a gente diz que todo mundo tem que dar uma chance. E isso vai muito além da narrativa que desperta sentimentos nostálgicos, até mesmo naqueles que não viveram na época referenciada e reverenciada aos montes ao longos dos capítulos.

Jogador Número Um é um ótimo exemplo de livro que apresenta bons personagens, ótimas discussões em relação ao mundo em que vivemos, os perigos existentes na vida virtual e todo o impacto psicológico e social da coisa toda. Sem falar de todo o clima de aventura, diversão e descobertas de uma intensa caça ao tesouro.




Confesso que eu não me lembrava tanto do que tinha lido, talvez pelo fato de a narrativa da adaptação para  cinema de Steven Spielberg estar mais fresca na mente do que a da obra original. De certa forma foi praticamente a experiência de uma primeira leitura, e gosto bastante que tenha sido assim para tentar buscar novas formas de pensar certos pontos da história contada, no que foi possível.

A caçada pelo Easter Egg de Haliday, idealizador do OASIS, continua divertida e repleta de referências aos anos 80. Por outro lado, essas mesmas referências são o que prejudicam a experiência, principalmente nos primeiros capítulos. Ernest Cline exagerou na dose de uma vez só, o que não ajuda muito no ritmo dos momentos iniciais de Jogador Número Um. Ao menos essa característica logo é bem balanceada e o livro entra em uma grande sucessão de acontecimentos e se torna a diversão que esperamos dele. Confesso que ainda assim esse fator me assusta um pouco em relação à continuação (de necessidade questionável), por ter visto comentários de que isso vem ainda mais forte. Em breve terei a experiência e trago a resenha para vocês.




Continuo achando que o rompimento do relacionamento entre Wade (Parzival) e Samantha (Art3mis), em certo ponto da narrativa derruba um pouco a sequência de bons capítulos. Quanto aos demais personagens, não muito o que acrescentar. Aech é quem mais se destaca, por ser um ótimo alívio cômico e por ter, mesmo que rapidamente, espaço para uma discussão relacionada à cor de sua pele e em como a mãe lidou com isso, além de sua orientação sexual. Shoto e Daito são meros coadjuvantes, mas é na dinâmica da dupla que tem o momento mais sombrio de toda a obra. Aqui vale mencionar o fato de que é uma pena que esse aspecto não tenha sido levado para os cinemas.




Foi uma ótima experiência reler a obra e agora preciso me preparar para Jogador Número Dois. As expectativas estão bem baixas, mas vai que sou surpreendido! Espero que tenham gostado, até breve.

Autor: Ernest Cline | Editora: Intrínseca | Páginas: 432 | Ano: 2021 | Tradução: Giu Alonso

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário ♥

Postar um comentário