[RESENHA] A Família Mandible: 2029-2047

Boa tarde, Divagadores, como estão as coisas por ai?
Olha eu aqui de novo, dessa vez trazendo uma resenha que foi escrita por mim.
Hoje vamos falar de A Família Mandible: 2029-2047 de Lionel Shriver, livro que veio na caixinha número 28 do Intrínsecos
Bora lá conferir?

Uma guerra fria de escala mundial reestrutura a ordem socioeconômica do planeta, criando novos eixos de poder. A União Europeia se desfaz, a China enfim é alçada ao posto de maior potência global e o longo período de prosperidade dos Estados Unidos chega ao fim. Da noite para o dia, o dólar despenca e, além do valor, perde também seu prestígio: uma nova moeda internacional, o bancor, chega para substituí-lo.

Florence Mandible sofre as consequências desse cenário como uma típica representante da classe média. Uma cabeça de repolho passa a custar 20 dólares, o racionamento de água torna-se padrão e o ritual matinal já não inclui mais café – a mudança climática arruinou as safras – nem jornais, já que todos deixaram de existir.

Sem escolha a não ser acolher os familiares sob seu teto – parentes que, assim como ela, dependem da herança do saudável patriarca da família, Douglas Mandible, de 97 anos –, Florence logo se torna responsável pela administração de um ecossistema familiar muito frágil, suscetível às mais dramáticas pulsões da natureza humana – como furto, alcoolismo e abandono de incapazes.

Em A Família Mandible: 2029 – 2047, Shriver narra os percalços de um típico clã norte-americano moderno e, como a guia experiente de um safári humano, conduz o leitor por detalhes muito íntimos da psique de seus personagens. Ambientada em um futuro que já se vê dobrando a esquina, a saga dos Mandible é o retrato de um apocalipse menos catastrófico, mas igualmente perturbador: a completa ruína financeira.

Tenho que começar esta resenha sendo bem sincera e dizendo que ler A Família Mandible me causou um grande desconforto e sabe o que é mais estranho? O livro certamente não é feito para isso, eu apenas o li em uma época muito errada. Viver no Brasil de 2020/2021 não tem sido nada fácil, agora imagina viver tudo o que estamos vivendo e ler o livro que nos apresenta uma distopia que, se não tomarmos cuidado pode acabar acontecendo por aqui?

Já nas primeiras páginas foi impossível não comparar o cenário criado pela trama com o que os brasileiros viveram na época do Plano Collor e o que deixava a minha mente ainda mais perturbada era pensar que, no rumo que as coisas andam tomando o Brasil poderia acabar caindo facilmente no cenário da trama. 

Deixando estes comentários de lado, não é novidade pra ninguém que eu amo livros que mexam com o meu psicológico em qualquer grau, mas como a ideia por trás deste livro não era essa, a coisa toda não ia se sustentar por muito tempo e eu precisaria de outras coisas pra manter meu interesse no livro, mas o problema é que, as coisas não existiram. 

No decorrer da trama não era incomum ter páginas e mais páginas com diálogos repletos de jargões relacionados a economia que faziam qualquer pessoa leiga ficar sem entender quase nada do que estava acontecendo e consequentemente a leitura ficar extremamente massante. No fim das contas quase a maioria do livro acabava se tornando um amontoado de coisa extremamente desnecessária que a gente precisava transpor para chegar na parte da história que realmente nos interessava. Eu simplesmente acabei pulando algumas páginas porque realmente não conseguia sentir outra coisa que não fosse tédio. 

Nos momentos em que pensamos que finalmente a história vai desenrolar e vamos ser pegos pela emoção que a premissa da trama nos traz, nós infelizmente somos presenteados com cenas curtas, que poderiam ser melhor trabalhadas e dar um ânimo aos leitores.

Sou obrigada ainda a destacar que os personagens não conseguem ser fortes e marcantes, a maioria deles vive apenas para sustentar um conflito de egos que, infelizmente, não serve nem para dar um suporte grande ao desenrolar da trama.

A história, que é dividida em duas, tem uma quebra brusca entre o passado e o presente que nos deixa completamente sem respostas. Li com fé de que no decorrer da segunda parte muita coisa seria revelada, mas no final das contas o que tivemos foram meras citações rápidas a fatos do tempo que a narrativa do livro não cobriu.

No fim das contas A Família Mandible acaba sendo um livro que entra na lista do "termine de ler se for realmente capaz", com um final que não posso classificar como nada além de algo que estava dentro do previsível. Infelizmente posso dizer que a Intrínseca errou feio na escolha deste livro para o Intrínsecos.

E vocês, Divagadores, já leram esse livro?
O que acharam?
Contem suas opiniões aqui nos comentários.

Beijinhos e até a próxima. 

Autor: Lionel Shriver | Editora: Intrínseca | Páginas: 448 | Ano: 2020



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