[RESENHA] Garotas em chamas



Olá pessoal, como vão? Voltei trazendo mais uma resenha para o blog, mais uma das mais recentes queridinhas do público brasileiro: C. J. Tudor e seu livro Garotas em chamas.

Há muito tempo uma história sinistra é contada na pequena Chapel Croft. Cinco séculos atrás, mártires protestantes foram traídos, e então queimados. Trinta anos atrás, duas adolescentes desapareceram sem deixar vestígios. E há algumas semanas, o responsável pela paróquia local se enforcou na nave da igreja.

A reverenda Jack Brooks, mãe solteira de uma jovem de quatorze anos, chega a esse vilarejo em busca de um recomeço. Em vez disso, encontra um lugar tomado por conspirações e segredos, e é recebida com um estranho pacote de boas-vindas: um kit de exorcismo e um bilhete: Não há nada escondido que não venha a ser descoberto.

Como tem se tornado interessante e instigante ler os livros de C. J. Tudor. Com cada vez mais domínio sobre as tramas que quer contar, a autora livro após livro vai evoluindo como escritora e nos entregando histórias que nos mantém interessados em seu desfecho. Foi assim com As outras pessoas e agora com Garotas em chamas.



A reverenda Jack e sua filha Flo são ótimas personagens e protagonistas. Do ponto de vista de Jack, que acompanhamos em primeira pessoa, vamos acompanhando não só seus dramas pessoais, mas também toda sua visão em relação à cidade, seus habitantes e no que eles provavelmente escondem atrás das aparências, além de ela ter uma visão nem um pouco conservadora em relação ao seu papel como vigária. E isso faz com que ao longo de sua vida ela tenha passado por momentos de discriminação, principalmente por ser mulher exercendo um papel de liderança na igreja.

Enquanto isso, Flo, a filha adolescente de Jack, entusiasta da fotografia analógica e bastante curiosa, vai descobrindo as coisas por conta própria. É com ela que a maior parte do sobrenatural presente no livro vai acontecer. E em meio a não curtir tanto a mudança para a nova cidade e encontrar fantasmas de garotas em chamas no cemitério, ela encontra um estranho interesse amoroso, o jovem Wrigley. E a dupla parecia estar fadada a passar por algumas situações bem complicadas ao longo da trama, para o terror de Jack.

Garotas em chamas não tem o melhor dos ritmos entre os livros já lançados pela autora. O início é bem lento e, a não ser por um acontecimento ou outro misterioso e algumas conversas de Jack com habitantes da cidade que parecem saber mais do que falam, não temos muita ideia do que está acontecendo. Mas quando se trata de fazer todos suspeitos de alguma forma, C. J. Tudor faz muito bem. Não dá para confiar plenamente em nenhum dos personagens secundários do livro.



Quando começa a engrenar, Garotas em chamas vai entregando pontos para irmos ligando aos poucos, até que a trama culmina em uma teia de acontecimentos que levam de uma coisa a outra, desde vários anos atrás. São várias revelações interessantes, mas confesso que não tão surpreendentes. Foram soluções convenientes para a trama, o que por si só não é totalmente um demérito. O mistério é bem amarrado do início ao fim, apesar de algumas revelações não terem o peso que poderiam ter. Mesmo os momentos de virada não proporcionaram o choque necessário nesse leitor. E fica a dica: nunca duvide da intuição de uma mãe.

O recurso do sobrenatural, na minha opinião, teve seu melhor uso feito pela autora nesse livro. Não ocupa espaço desnecessário e, principalmente, não é algo forçado, jogado e utilizado para explicar algo de qualquer jeito como em As outras pessoas. Tem contexto dentro da trama e serve a seu propósito.

Garotas em chamas é uma ótima experiência e mostra como C. J. Tudor amadurece cada vez mais sua escrita. Compará-la a Stephen King, como alguns ainda insistem em fazer, faz cada vez menos sentido, uma vez que a autora cada vez mais vai desenvolvendo seu estilo em um ritmo de escrita bem constante, com um livro ao ano desde sua estreia em 2018. Leitura mais que recomendada.

Autora: C. J. Tudor | Editora: Intrínseca | Páginas: 352 | Ano: 2021 | Tradução: Regiane Winarski

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