[RESENHA] O desaparecimento de Stephanie Mailer



Olá pessoal! Estou de volta para falar mais uma vez sobre o Intrínsecos, o clube de assinaturas da nossa parceira, Editora Intrínseca. Já fizemos um post que apresenta o clube, além de outro que passa uma visão geral do primeiro kit, lançado em outubro. E hoje finalmente trazemos a vocês a resenha do primeiro livro do projeto: "O desaparecimento de Stephanie Mailer", de Joël Dicker.
Apenas as pessoas familiarizadas com a região dos Hamptons, no estado de Nova York, souberam do que aconteceu em 30 de julho de 1994 em Orphea, uma pequena e badalada cidade balneária.
"O desaparecimento de Stephanie Mailer" é, sem dúvidas, uma grande estreia para esse projeto. Apostar em um gênero que faz sucesso, com um livro escrito por um autor que caiu nas graças do público brasileiro se mostrou um tiro certeiro. A trama tem início quando um policial, Jesse Rosenberg, tem sua credibilidade como grande investigador posta em cheque quando Stephanie Mailer, uma jornalista, afirma que um crime cometido há 20 anos, na pequena cidade de Orphea, não apontou o verdadeiro culpado. O crime se trata do assassinato de quatro pessoas, três de uma mesma família, a do prefeito da cidade na época, além de uma provável testemunha do acontecido.

Pouco após Jesse receber essa revelação de Stephanie, ela desaparece e ele decide deixar de lado a aposentadoria de sua função como policial, que aconteceria dali a poucos dias. Agora ele, junto de seu amigo e parceiro Derek Scott, que também estava envolvido na primeira investigação, correm contra o tempo para descobrir o verdadeiro culpado pelos crimes, que ameaça mais uma vez aterrorizar a cidade.


Este livro não demora muito para prender o leitor em suas páginas. Joël não perde tempo fazendo apresentações monótonas. Vamos conhecendo mais dos personagens a medida que as investigações avançam. O início de "O desaparecimento de Stephanie Mailer" é um dos mais dinâmicos e eficientes que li nos últimos tempos. Em um romance policial acredito ser crucial que o leitor não demore muito para começar a se importar com os personagens ou com o cenário do crime apresentado. Neste livro o autor faz isso com maestria e nos mantém preso às páginas, saltando do passado para o presente e sempre com alguma revelação importante para o caso pelo caminho.

Essa foi minha primeira experiência com um livro de Joël Dicker, mas com certeza me sinto arrependido agora de não ter dado chances aos livros do autor anteriormente. Sua escrita é simples e sem rodeios. Além disso ele tem grande domínio dos caminhos que quer seguir.


Um dos grandes destaques do livro é o gerenciamento de uma grande quantidade de personagens que são importantes para a resolução dos mistérios. Alguns deles cumprem um papel muito mais pessoal, com uma subtrama dramática um pouco mais distante do papel direto no caso principal, como é o caso de Dakota Éden, uma adolescente que passa por uma fase difícil da vida, com drogas e bebidas, que a família não sabe bem como lidar. Através dela o autor aborda assuntos importantes, como bullying e a força que a internet tem para agravar esses casos. Claro, ela também tem seu papel no mistério principal.


Sobre os protagonistas, Jesse e Derek, com o auxílio de Anna: A dupla de policiais, como personagens e seus tormentos são excelentes. Existe uma clara tensão e coisas do passado de 20 anos atrás que paira sobre eles, acontecimentos traumáticos que eles tentam esquecer, mas que a volta ao caso desenterrou. Em contraponto, suas habilidades como investigadores são no mínimo questionáveis. Logo na sinopse o autor tenta nos passar a impressão de que eles são praticamente infalíveis. Mas o que vemos nas páginas do livro não retrata bem o que deveríamos esperar dos personagens. Obviamente, na minha opinião. 

Enfim, a polícia aqui parece ser incrivelmente incapaz de fazer conexões que, mesmo aos olhos dos leitores, parecem simples. E mais, os diversos setores e jurisdições parecem ser incrivelmente incapazes de se comunicar entre eles. Por diversos momentos temos pistas que um lado consegue, mas por motivos rasos decidem não compartilhar informações. É aqui que entra Anna: ela é uma policial de Orphea, portanto, é o contato local com quem Jesse e Derek trabalham. Em conversas com alguns amigos, eu tive uma certeza: se não fosse a presença de Anna, eu duvido que eles teriam conseguido solucionar o crime.


Outro problema da parte de investigação do livro são as testemunhas. Personagens chave, vejam bem, CHAVE, com informações cruciais, mais uma vez com motivos rasos, simplesmente foram deixados de lado ou decidiram não depor na época do quádruplo assassinato.

Felizmente, a habilidade do autor de contar uma história que salte rapidamente entre seus acontecimentos, com capítulos curtos, boa ambientação e um trabalho primoroso de gerenciamento e construção de personagens, com parte deles tendo suas próprias subtramas, algumas inclusive, excelentes, além da escrita simples, direta e decidida, faz da leitura de "O desaparecimento de Stephanie Mailer" algo prazeroso e divertido. O livro só parece gigante. Se o leitor se envolver realmente com a história, as quase 600 páginas vão passar em um piscar de olhos.


Não sei bem o que pensar do final. Acredito que, em comparação ao restante do livro, talvez tenha sido um pouco destoante. Alguns trechos que nos apresentam mais detalhes do passado de Jesse e Derek talvez tivessem sido melhor aproveitados antes dos acontecimentos finais. O próprio final é um pouco anticlimático, mesmo sendo bom e bem resolvido.

Enfim, a leitura está mais que recomendada. Foi um início interessante, certeiro e divertido para esse novo projeto da Intrínseca. Espero que tenham gostado da resenha! Assinem o Intrínsecos!

Autor: Joël Dicker | Editora: Intrínseca | Páginas: 576 | Ano: 2018

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Um comentário ♥

  1. Concordo com muumu coisa que vice escreveu.
    A subtrama da Dakota encaixou muito bem no livro e não ficou destoada da trama principal.
    E sim, se não fosse pela Anna talvez a dupla que deveria ser infalível não tivesse solucionado o caso novamente, apesar que o erro deles foi de 50% né.
    O livro é mesmo muito bom e envolvente. Super recomendado.

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