[RESENHA] A Espada do Verão

Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Páginas: 448
Ano: 2015
Classificação: 3/5
Às vezes é necessário morrer para começar uma nova vida...
A vida de Magnus Chase nunca foi fácil. Desde a morte da mãe em um acidente misterioso, ele tem vivido nas ruas de Boston, lutando para sobreviver e ficar fora das vistas de policiais e assistentes sociais. Até que um dia ele reencontra tio Randolph - um homem que ele mal conhece e de quem a mãe o mandara manter distância. Randolph é perigoso, mas revela um segredo improvável: Magnus é filho de um deus nórdico.
As lendas vikings são reais. Os deuses de Asgard estão se preparando para a guerra. Trolls, gigantes e outros monstros horripilantes estão se unindo para o Ragnarök, o Juízo Final. Para impedir o fim do mundo Magnus deve ir em uma importante jornada até encontrar uma poderosa arma perdida há mais de mil anos. A espada do verão é o primeiro livro de Magnus Chase e os deuses de Asgard, a nova trilogia de Rick Riordan, agora sobre mitologia nórdica.
Esse foi um livro que, ao término da leitura me deixou bastante dividido em relação ao que achei dele. As expectativas até estavam controladas, mas acabou que minha primeira experiência com algo do tio Rick foi um pouco frustrada, ainda que não tenha sido exatamente ruim. Confiram na resenha abaixo um pouco mais sobre minha jornada pela mitologia nórdica no primeiro volume da série Magnus Chase e os Deuses de Asgard - A Espada do Verão.


A história é basicamente o que já conhecemos. Um garoto descobre que é filho de um deus e que é o único que pode impedir a destruição do mundo. Para isso ele vai precisar encontrar a Espada do Verão e com ela superar todos os desafios que surgirem em seu caminho. Clichê básico de muitas histórias e uma trama que me parece bem semelhante aos demais livros do autor. Digo que só me parece semelhante baseado nas opiniões de outras pessoas que já leram, já que eu mesmo só vim ter meu primeiro contato com o Tio Rick com Magnus Chase e os Deuses de Asgard. 

Ainda assim essa nova série tem uma premissa interessante e trabalha com uma mitologia interessantíssima de se conhecer e estudar. A partir daqui vou separar meu texto em alguns pontos, porque acho interessante analisar algumas coisas separadas para que fique mais entendido o que me dividiu ao longo da leitura.

Personagens

É uma boa começar com os personagens, que possuem bastante contraste entre eles, com muitas personalidades diferentes e interessante. Vou começar com Magnus Chase, que acabou sendo o meu grande problema com o livro. Eu esperava um personagem carismático e um trabalho do autor focado em criar um personagem que nos agrade e consiga proporcionar algumas risadas ao longo da leitura. E acabou que esse foi o meu grande problema, principalmente nas 50 primeiras páginas, que foram um verdadeiro show de piada atrás de piada, feitas com tudo e com todos. O início ficou marcado em mim por esse exagero e forçação de barra. Me pareceu que o autor estava querendo que gostássemos de Magnus logo que o conhecêssemos. Diversas vezes durante a leitura, principalmente em momentos desse tipo, veio à minha cabeça o pensamento de que talvez eu tivesse gostado mais do personagem caso eu fosse bem mais novo do que sou hoje ou já viesse acompanhando as obras do autor à medida que elas chegassem ao Brasil. 

E olhem só, bem mais próximo do final, Rick Riordan me pareceu acertar a mão no personagem e fazer algo MUITO mais interessante do que foi ao longo do livro. Ele conseguiu manter a personalidade sárcastica e esse hábito de fazer piadas, mas conseguiu dosar isso muito bem com a maturidade e coragem que Magnus visivelmente possui desde muito cedo na sua vida. A partir do momento que o autor conseguiu guiar o protagonista rumo a um amadurecimento nos mais diversos sentidos da palavra, ele conquistou esse que vos fala. Em um saldo geral, o peso de não gostar do personagem é bem maior, se eu fizer uma comparação do tempo que passei odiando o personagem. Por outro lado, ele terminou me agradando bastante e me deixando com a esperança de que ele continue a me agradar nos próximos volumes.

Já o trio Blitz (Anão, filho de Freya), Hearth (Elfo) e Sam (Valquíria e filha de Loki) foi bem diferente. Os três são interessantes desde o início, principalmente os dois primeiros, que são amigos próximos de Magnus. Eles tem um papel importante, que é guiar o protagonista nesse mundo que ele está conhecendo e o apoiando nos principais desafios que surgem em sua jornada. E é como fica registrado ao longo do livro, eles acabam se tornando uma verdadeira família, com tudo que eles passam e superam juntos. Esses personagens tornam-se ainda mais interessantes quando sabemos mais sobre a vida de cada um. Blitz é um Anão que gosta de moda enquanto que os outros de sua raça preferem forjar armas, armaduras e outros objetos únicos. Junto a isso tudo há ainda sua história desde as circunstâncias de seu nascimento à outros dramas familiares.


Hearth talvez seja, entre os coadjuvantes, o personagem de trama mais profunda e que precisa de um apoio tão grande dos outros quanto Magnus. Ele é surdo e, por pertencer a uma raça que está sempre em busca da perfeição, é renegado por sua família. Com esse vazio na vida, ele busca motivos para preencher e amenizar sua dor.

Sam é muçulmana e foi escolhida por Odin para ser Valquíria. Desde que entrou para o clã ela tem que dosar sua vida na Terra com suas obrigações em Valhalla, lugar para onde vão os guerreiros que tiveram morte honrosa. É ela quem leva Magnus para lá após sua morte (acho que isso não é um spoiler, até porque está no título do primeiro capítulo). E é com esse recrutamento que os problemas passam a surgir. 

Além deles, muitos personagens aparecem. Alguns outros amigos de Valhalla; deuses em abundância (Odin, Thor, Loki, Frey, Freya…). E detalhe, praticamente todos os personagens que aparecem tem uma participação importante. Foi raro encontrar algum que estivesse ali somente para cumprir tabela e não fazer nada de importante.

Mitologia

Aqui vou ser mais rápido. Muitos dos fãs do Rick Riordan estão em consenso quando se trata da sua forma de trabalhar as mitologias em seus livros. O tal consenso é que nenhum autor que vá escrever baseado em mitologia hoje em dia entra tão fundo na pesquisa para suas obras quando o Tio Rick. Eu não posso afirmar que é realmente assim, mas posso confirmar que seu trabalho com essa primeira parte da sua nova trilogia foi excelente. Dá pra enxergar claramente o capricho do autor e o quanto ele se dedica a ser o mais fiel possível ao material que lhe serve como base. Pesquisem e verão que praticamente tudo dos fatos que ele coloca no livro fazem realmente parte da mitologia nórdica. Além disso, tem as adaptações que ele faz para tornar tudo mais moderno. Odin é conhecido por sua sabedoria e por buscar cada vez mais conhecimento, então, nada mais certo do que ele ir atrás de conhecer mais sobre a tecnologia dos tais Smartphones. São coisas como essa que estão ali como um toque a mais, muitas delas servem mais para fazer uma graça e reforçar o bom humor da obra. E ainda tivemos uma revelação simplesmente impressionante ao longo das páginas. Se não fosse Rick Riordan a trazer esse fato, nunca saberíamos que Taylor Swift é, nada mais, nada menos que, descendente de Anões. Sim pessoal! E saibam, os Anões escutam a cantora e fazem questão de dizer que eles não escutam músicas dos humanos e sim que os humanos escutam músicas dos anões. Pasmem!


Considerações Finais

Bom, eu não consigo enxergar a história por inteiro sem pensar nos clichês dos livros para adolescentes. Ainda assim, Rick Riordan faz um bom uso da Mitologia Nórdica e trabalha em cima dos acontecimentos que levam ao Ragnarok. Pensei diversas vezes se não foi prematuro demais a iminência do fim de tudo logo no primeiro livro. E confesso que isso tudo me deixa com certo receio da história se repetir demais nos dois próximos volumes. Certos acontecimentos dão a entender que as coisas vão ficar mais sérias daqui pra frente, já que não há somente um caminho para que o Ragnarok aconteça. Repetir a fórmula pode acabar sendo prejudicial. E o título O Martelo de Thor não me faz pensar em outra coisa que não seja mais do mesmo.

Fico com a esperança de que o autor entregue um clima mais sério, considerando o epílogo do primeiro volume. Há ainda o fator Ragnarok. Será que Tio Rick vai deixar isso acontecer? Se acontecer, será que todos os destinos vão terminar exatamente como são traçados desde o início, quando todos sabem quem vai matar quem? Fico ansioso e espero que ao fim da trilogia o Apocalipse Nórdico não termine só na iminência e, que de fato aconteça com suas devidas consequências.

Recomendo a leitura, principalmente aos fãs de longa data do Rick Riordan, que já estejam habituados à sua fórmula. Quem não conhece nada do autor, vale dar uma olhada. A leitura é rápida, leve e bem humorada, quando desconsiderada a forçada do humor do protagonista. É isso galera, até a próxima!

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2 comentários ♥

  1. Eu só li de Rick Riordan a coleção Percy Jackson e os Olimpianos, numa época que lia os livros da minha filha para conversamos sobra a história, depois não li mais nada, apesar de todos os seus livros, já que minha filha é sua fã. Agora tenho que saber com ela se vai querer embarcar nessa também. Eu particularmente gostei bastante de Percy Jackson, mas pelo visto a fórmula já está cansando um pouco.
    Abraços,

    Gisela
    Ler para Divertir
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    Respostas
    1. Olá Gisela.
      Realmente me parece uma fórmula repetida. A leitura, ainda assim, foi melhorando para mim ao longo das páginas. Acredito, por exemplo, que é muito mais fácil sua filha e outros fãs embarcarem de cabeça nesse livro, principalmente por já conhecerem o estilo do Rick Riordan do que um novato como eu, que nunca tinha lido nada do autor quando na infância/adolescência.

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