[RESENHA] Eleanor & Park

Autora: Rainbow Rowell
Editora: Novo Século
Páginas: 328
Ano: 2014
Classificação: 5/5
Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo.
Mais uma resenha para vocês. O livro da vez li por volta de 2 meses atrás, então já faz algum tempo, o que não significa que eu já esqueci ele por completo. Impossível esquecer o quão sensacional é a história de “Eleanor & Park”, uma das minhas melhores leituras do ano, coisa que livros do gênero não conseguem tão fácil na minha lista. Vamos lá descobrir o que esse livro tem de bom? Confiram na resenha logo abaixo.


Eleanor & Park vai contar a história de Eleanor, uma menina de cabelos ruivos bagunçados com um gosto para roupas um pouco peculiar, com um tipo físico mais “fofinho” e muitos, mas muitos problemas familiares. Essas características citadas são um prato cheio para os praticantes de bullying de plantão. Logo no seu primeiro dia de aula na cidade para qual acabou de se mudar, ao entrar no ônibus ela já recebe os primeiros tratamentos não tão gentis. Eleanor parece não ligar, já que se encontra acostumada com a situação e não pensa nem um pouco em mudar o que ela é para agradar os outros. Neste mesmo ônibus está Park, um garoto isolado, que sempre está à margem dos acontecimentos e que busca ficar distante de confusões para sobreviver à essa fase colegial da sua vida. De início ele também acha a garota nova estranha, mas não esboça nenhuma reação junto aos outros “colegas”, que não perdem a primeira oportunidade. Ele também não parece muito disposto a ceder um lugar para a garota sentar ao seu lado, já que ela entra no ônibus e não tem muitos lugares disponíveis nem pessoas com coragem suficiente para deixá-la sentar. Park, depois de estudar a situação, decide arriscar e deixa a garota sentar. E é aí que começa uma bela história de amor.
"Às vezes, parecia que ela jamais poderia fazer por Park algo similar ao que ele fazia por ela. Era como se ele despejasse todo um tesouro sobre ela a cada manhã sem nem refletir sobre seu ato, sem notar quanto tudo aquilo valia."
Rainbow Rowell escreveu a obra no ponto de vista dos dois personagens, então temos os pensamentos de cada um deles, de como eles vão lidar com as situações que surgirem ao longo do início da amizade e consequentemente a chegada do primeiro amor ao coração, mente, corpo e alma dos dois. Ainda temos o ano em que a história se passa, 1986, dando à obra a possibilidade de inúmeras referências à cultura daquela época, seja música, cinema, quadrinhos e etc.


Eleanor é uma personagem feminina absurdamente sensacional. É inegável sua maturidade, apesar da pouca idade. A maneira com que ela lida com seus problemas familiares e busca sempre se manter alheia a todos os problemas é tocante, mas também admirável. Os capítulos de Eleanor são um caso à parte, já que é com ela que temos momentos que ficamos com o coração na boca, com aquela sensação de que algo ruim está prestes a acontecer. Ela, apesar de sua maturidade, é insegura consigo mesma, com seu corpo, sua auto-estima e claro, com o primeiro amor, de um garoto que ela conheceu a pouco tempo mas que conseguiu despertar nela algo que nunca sentiu e isso dá espaço para que possamos conhecer o lado doce e meigo da personagem. Essa insegurança da personagem gera problemas, que aliado aos seus problemas na família, principalmente com seu terrível padrasto, só leva sua relação com Park a níveis extremos de dúvida sobre o futuro que está reservado para os dois.

Park é integrante da famosa família perfeita, com casa perfeita, pais aparentemente perfeitos, com boas condições de vida e etc. Descendente de coreanos, punk. É um personagem, que mesmo possuindo um pouco menos de destaque em relação aos problemas de Eleanor, ele não fica na sombra dela. Também possui seus problemas de família, em especial com seu pai, já que a relação entre os dois é somente rotineira e cumpre o que for necessário para que pelo menos a vida entre os dois siga em paz sem muitos conflitos. Ao conhecer Eleanor, de início ele só a despreza, assim como os demais colegas que ele possui, mas, após perceber que ela ficava espionando suas leituras de quadrinhos, ele passou a se interessar mais pela garota e tentar conversar com ela, mesmo que fosse relacionado somente ao seu hobby. Aos poucos os dois começam a interagir mais e deixam nascer entre eles algo muito mais forte que a amizade.
"Segurar a mão de Eleanor era como segurar uma borboleta. Ou um coração a bater. Como segurar algo completo e completamente vivo."
O relacionamento retratado entre os dois é puro, simples e cheio de descobertas que um momento como esse da vida é capaz de proporcionar a alguém. A história é um romance nada água com açúcar. Pelo contrário, retrata diversas facetas da situação que os personagens vivem. Família, amigos, relacionamento, amor, primeiro beijo do casal, drama. O fato de ter o ponto de vista dos dois ao longo da obra contribui muito para que possamos ficar por dentro de todos os conflitos mentais dos personagens.
"Sempre que via Eleanor, ele não conseguia mais pensar em se afastar. Não conseguia pensar em mais nada. A não ser tocá-la. A não ser fazer qualquer coisa que pudesse ou tivesse de fazer para vê-la feliz." 
Os demais personagens cumprem bem seus papéis de coadjuvantes, sem muito destaque que mereça ser citado. A família de Eleanor é um caso à parte, já que vivem uma vida complicada na cidade, não há privacidade para ninguém na casa e o padrasto é um monstro encarnado, que bate na esposa quando está bêbado e não respeita a nada nem ninguém, só quer que suas vontades sejam satisfeitas. É um personagem odiável, repugnante, que mereceu o final que teve na história. Sobre os pais de Park, não há muito o que se falar, pois infelizmente eles não tem todo o destaque que merecem.


O desenvolvimento dos acontecimentos é ágil, graças à escrita leve da autora. Também é cheia de momentos angustiantes, como falei mais acima. Sempre há nas entrelinhas algo que faz o leitor ficar em agonia esperando que algo dê errado. Sim, algumas coisas dão errado e os personagens tem que buscar superar todos os obstáculos impostos pelo destino. Assim como a leveza da história proporciona momentos verdadeiramente singelos e doces, tamanha a pureza do amor entre os dois protagonistas. E o final? Ah o final. Cada vez mais vemos obras que só faltam matar os leitores de revolta ou êxtase com os finais. Até o penúltimo parágrafo do livro estava incrustado na minha cabeça de que eu terminaria aqueles últimos momentos odiando os protagonistas, inconformado com os rumos que a história toma e até mesmo o quanto eles parecem alheios e distantes do que está acontecendo. Daí chega a última frase e restaura todo o clima que vem nos acompanhando o livro inteiro. Foi um final digno pelo menos, apesar de fazer leitores apelarem de joelhos por uma continuação, que está supostamente confirmada.
Se ela tinha saudade? Queria perder-se dentro dele. Amarrar os braços dele em torno dela feito um torniquete. Se lhe mostrasse o quanto precisava dele, ele sairia correndo.
O livro só tem um grande problema: a revisão. Se um ou outro erro passa, tudo bem, mas aqui temos vários casos e muitos deles chegam a ser absurdos. Um pena, a edição é bem legal, mas peca por esse problema.

Leitura recomendada para quem gosta de algo do gênero. Como já dito, leitura fácil, agradável, rápida, final digno e talvez uma continuação, para que os futuros leitores se sintam um pouco mais aliviados com o final.

E acaba por aqui pessoal. Espero que tenham gostado da resenha. Até a próxima!

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