[RESENHA] Silo

Autor: Hugh Howey
Editora: Intrínseca
Páginas: 512
Ano: 2014 
Classificação: 5/5
Sinopse: Em uma paisagem destruída e hostil, em um futuro ao qual poucos tiveram o azar de sobreviver, uma comunidade resiste, confinada em um gigantesco silo subterrâneo. Lá dentro, mulheres e homens vivem enclausurados, sob regulamentos estritos, cercados por segredos e mentiras.
Para continuar ali, eles precisam seguir as regras, mas há quem se recuse a fazer isso. Essas pessoas são as que ousam sonhar e ter esperança, e que contagiam os outros com seu otimismo.
Um crime cuja punição é simples e mortal.
Elas são levadas para o lado de fora.
Juliette é uma dessas pessoas.
E talvez seja a última.

E lá vem eu com mais uma resenha. Dessa vez de um dos grandes lançamentos da Editora Intrínseca deste ano. Silo chegou aqui como uma grande expectativa da editora e consequentemente dos leitores e sem dúvidas o livro cumpriu o que prometeu. Com Silo temos uma história tensa e cheia de reviravoltas. Confiram a resenha mais abaixo e entendam.



A história se passa em um silo de 144 andares, que protege as pessoas que vivem dentro, das toxinas presentes no ar do exterior. Lá fora ninguém consegue sobreviver, pois a situação do mundo é deplorável. É nesse cenário apocalíptico que acontece a história de Silo.

Começamos a narrativa do ponto de vista do xerife Holston. No primeiro capítulo, em meio aos seus dilemas, ele decide que quer sair lá para fora… ele quer fazer a limpeza. Seus motivos são revelados nos capítulos seguintes e neles se seguem a atmosfera tensa, de muito movimento de pessoas nas escadas entre os níveis do silo, além da preparação do xerife para sua saída. E é logo nesse início que já começamos com uma reviravolta, que se segue com outra reviravolta. E assim seguimos durante toda a trama.

Em seguida somos guiados à história propriamente dita. O delegado Marnes e a prefeita Jahns saem em busca de sua candidata ao cargo de xerife. Para isso eles precisam descer até as profundezas do silo e encontrar Juliette, que assumirá a função deixada por Holston. E é essa escolha do delegado e da prefeita que dá sustento à toda a história. O enredo de Silo se trata, trocando em miúdos, da busca pela verdade por trás do surgimento daquele lugar isolado de um mundo onde a vida é impossível de se desenvolver, em que as pessoas são obrigadas a viver confinadas por séculos a fio sem direito a questionamentos.


O livro começa com um ótimo ritmo. Estamos em um momento de tensão, medo, euforia. Um verdadeiro misto de sentimentos emanados por todo o silo. Esses sentimentos se intensificam cada vez mais com saída de Holston, responsável por viver duas reviravoltas em tão pouco espaço de tempo. É nesse começo que entendemos o porque das pessoas saírem e sempre fazerem a limpeza, mesmo sabendo que a morte as espera.

Porém, o ritmo é quebrado subitamente. Faz sentido, mas é uma quebra enorme e que talvez pudesse ter sido melhor administrada. É na segunda parte do livro, a parte da busca da nova xerife que acabei me arrastando um pouco na leitura. Por mais que Marnes e Jahns sejam personagens muito interessantes, acompanhar seus passos foi maçante, chato, quase insuportável.

Mas Hugh Howey se redimiu ao nos entregar as excelentes partes seguintes. Ele é sem dúvida um grande autor e nos entregou uma grande obra. O ritmo do livro, mesmo não sendo a coisa mais alucinante do mundo, é ótimo. Tudo acontece ao seu devido tempo e as reviravoltas se tornam um elemento chave dentro do livro, ainda mais pela frequência com que elas acontecem, mesmo algumas não possuindo grande importância. Por mais que tenhamos uma parte de lentidão, as demais compensam bastante e nos oferecem uma grande experiência.


Juliette, a protagonista, é sem dúvidas a personagem melhor desenvolvida, o que o não poderia deixar de ser é claro. E gente, como ela é forte. Absurdamente forte, claro, não falando somente em força física, mas também psicologicamente. A maneira com que ela lida com as situações, as soluções para os problemas, como ela sai das situações que envolvem risco de vida é impressionante. Chega quase a ser irreal. Mas é ótimo ver uma personagem feminina ser retratada como um símbolo de força de vontade.

Além da protagonista, acompanhamos Lucas e Howard. Os dois estão juntos em praticamente todas as situações que os envolvam, então é um desenvolvimento duplo. Temos um mocinho e um vilão sendo muito bem escritos juntos, sem que o vilão seja necessariamente uma pessoa má, na verdade até podemos dizer que Howard não chega a ser um vilão, apesar de suas atitudes. A maneira como eles são mostrados, os segredos que guardam, como Lucas esconder que é apaixonado por Juliette, dá aquele toque de tensão. Um deslize de um ou de outro pode abrir espaço para uma grande reviravolta na história.

E tem a mecânica como um personagem a parte, além de cenário para muitas das situações, composta por uma boa parcela dos personagens que dão vida ao silo. Todos muito bem desenvolvidos.

Apesar disso, seus pés seguiram em frente. Eles o levaram por aquela passagem secreta e chegaram a uma sala cheia de coisas estranhas e curiosas, um lugar que fazia com que o ato de mapear estrelas parecesse algo insignificante. Era um estúdio onde a noção de escala do mundo, de tamanho, assumia proporções inteiramente novas.    p.269

Livro que cumpriu muito bem as expectativas. Os grandes momentos da história compensam e muito as poucas falhas que ela possui. Agora é esperar pelo próximo livro, que deve sair neste segundo semestre. Resta saber se sairá a continuação direta de Silo, ou o prequel deste, com uma história contando o surgimento de tudo isto. Ótima leitura, super recomendada.

Até a próxima resenha!

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