Lançamentos da Editora Rocco - Julho de 2014 - Parte 1

Antes de mais nada, mil perdões pessoal... Na primeira semana do mês a editora Rocco divulgou a lista de lançamentos pra julho, mas como a minha vida anda de pernas para o ar faltou tempo pra eu poder pegar a lista e repassar para o blog com todo amor e carinho que ela merece. Como sempre a editora investe em lançar livros pra todos os gostos e bolsos, deem uma conferidinha ai embaixo e já façam a listinha de compras do mês. Como a sinopse de quase todos os livros é enorme e uma postagem gigantesca cansa, decidi dividir os lançamentos da Rocco em duas partes. Confiram a primeira parte logo abaixo e se divirtam.

Livro: A Guardiã dos Segredos do Amor
Autor: Kate Morton

Ninguém escreve melhor sobre segredos de família do que a australiana Kate Morton. Com três bem-sucedidos romances na bagagem – A casa das lembranças perdidasO jardim secreto de Elisa e As horas distantes –, todos publicados no Brasil pela Rocco, a autora superou a marca de sete milhões de exemplares vendidos. Número um nas principais listas dos mais vendidos internacionais, Kate Morton recupera o romantismo das histórias de época e adiciona a elas personagens sensíveis, com doses extras de mistério, em tramas perfeitas para fãs de clássicos romances femininos, além de filmes e séries de época, como Downtown Abbey

Contado em flashbacks, o livro começa com a adolescente Laurel Nicolson escapando, por um tempo, do piquenique da família. Ela escolhe a velha casa da árvore como refúgio para sonhar com o futuro, mas não imagina que iria presenciar um crime chocante, que mudaria tudo que sabia sobre a sua mãe e a sua família. Era o ano de 1961, e ela se prepara para voltar para o encontro de família quando percebe a chegada de um estranho. 

Sem ser vista pelo misterioso desconhecido e por Dorothy, sua mãe, Laurel presencia um incomum diálogo e, para sua surpresa, a violenta reação da mãe, que esfaqueia e mata o visitante. Chocada e aturdida, a jovem só volta para casa quando a polícia já está presente, e vê sua mãe ser inocentada do crime. 

A vida continuou para a família Nicolson. Até 2011, quando Dorothy está perto dos 90 anos e no fim dos seus dias. Laurel, já com seus 60 anos, se tornou uma famosa atriz, mas ainda é assombrada por aquela tarde. Quando uma fotografia antiga com sua mãe e outros dois jovens, achada em um velho livro de histórias com uma peculiar dedicatória desperta a sua curiosidade, Laurel resolve que é hora de investigar o que realmente aconteceu naquele dia.

Kate Morton mostra por que é uma das autoras mais vendidas no mundo enquanto conduz os leitores a uma viagem no tempo, para descobrir os segredos do passado de Dorothy e dos outros estranhos da velha fotografia. A guardiã dos segredos do amor é uma história fascinante de mistérios e segredos, assassinato e amor eterno. Contada no estilo que consagrou Kate Morton, o romance mantém o leitor preso até a última página.



Livro: De Repente, Uma Batida na Porta
Autor: Etgar Keret

A conhecida, mas pouco praticada, teoria do nocaute de Julio Cortázar – segundo a qual o romance vence sempre por pontos, enquanto o conto deve vencer por nocaute – cai ou bate como uma luva (de oito onças, aquela usada pelos lutadores pesos-pesados) para a literatura de Etgar Keret, uma das atrações da Flip 2014. Considerado o principal nome da literatura israelense pós-Amos Oz, Keret, que também é cineasta e autor de quadrinhos, conquista o leitor por sua rara combinação de profundidade e leveza.

É impressionante como os 38 contos (alguns bem curtos, outros nem tanto) de De repente, uma batida na porta – livro que a editora Rocco, em tradução de Nancy Rozenchan, escolheu para apresentar o autor israelense ao leitor brasileiro – têm “pegada”. Muitos deles atacam logo nas primeiras linhas, para definir um clima de nonsense, humor, compaixão.

Assim abre o relato “Equipe”: “Meu filho quer que eu a mate” (e quando o leitor descobre quem é a possível vítima, o susto ainda é maior). “Abrindo o zíper”, um relato fantástico na linha de Cortázar, inicia de maneira singela, mas irresistível: “Começou com um beijo. Quase sempre começa com um beijo.” “Mystique” tem, talvez, uma das aberturas mais notáveis de todo o livro: “O homem que sabia o que eu estava prestes a dizer sentou-se a meu lado no avião, e deu um sorriso idiota. Isso é o que era mais enlouquecedor nele, o fato de que não era inteligente ou sensível, e ainda assim conseguia dizer todas as coisas que eu queria dizer, três segundo antes de mim.”

À guisa de introdução, Etgar Keret – um contador de histórias vocacional – compõe o relato que dá título ao livro. Nele encontramos um escritor que, dentro de sua própria casa, é acossado por três visitantes indesejados e armados que exigem que ele lhes conte... uma história, que em realidade é aquela que está sendo narrada. No conto são citados dois dos mais conhecidos escritores israelenses da atualidade: “Aposto que coisas como esta nunca aconteceriam com Amós Oz ou David Grossman.” De fato, no plano literário, Keret estaria mais próximo à influência e à tradição de Kafka (ainda que um Kafka que tenha lido Kurt Vonnegut e assistido aos primeiros filmes de Woody Allen). E, ao contrário de Oz, representante de uma geração anterior, tem um olhar mais desencantado, e não pacificador, em relação ao Estado de Israel e aos conflitos na região do Oriente Médio.

Daí a violência na vida cotidiana que transparece em sua obra. “Simyon” retrata o clima de insegurança e falsas existências, à margem da sociedade: um atentado ceifa a vida do marido de conveniência que a protagonista havia arranjado justamente para fugir ao alistamento militar obrigatório, e de cuja existência ela nem mais se lembrava. A par da violência, os personagens estão imersos numa solidão aparentemente sem volta: em “Manhã saudável”, um homem se compraz em ser confundido, às vezes perigosamente, com outras pessoas. Só para poder ter alguém com quem conversar.

Ao nos dar relatos como “Terra de mentira” – talvez o mais bem idealizado entre todos da coletânea –, Keret é antes de tudo Keret, com marca e estilo próprios, sem maiores influências do passado ou da política, um escritor que, com linguagem concisa e coloquial, cativou público e crítica, foi classificado como gênio pelo The New York Times e é apontado como um dos mais extraordinários escritores de sua geração.



Livro: Hotéis
Autor: Maximiliano Barrientos
Coleção: Otra Língua

Carros enferrujados, casas decadentes próximas a estacionamentos, quartos à beira de estrada, bares de iluminação escassa – locais habitados por pessoas em rota de fuga de si mesmas –, são alguns dos elementos que perpassam as histórias reunidas na coletânea Hotéis, primeiro livro do boliviano Max Barrientos a ganhar tradução no país. Juntamente com o equatoriano Pablo Palacios, autor de Um homem morto a pontapés, o jovem escritor boliviano une-se à criteriosa seleção de autores hispano-americanos reunidos na coleção Otra Língua, organizada por Joca Terron.

No livro, Tero, Abigail e Andrea são os personagens principais de uma aventura a bordo de um Chrysler Imperial negro. Juntos, eles rodam paisagens impessoais de cidades que não chegam a se caracterizar, marcadas por quartos de hotel, bares e cafés. Uma história que vai se formando aos pedaços, cada capítulo contado sob o ponto de vista de um dos personagens. As paisagens que encontram se misturam com cenas de seus passados e, aos poucos, vão dando sentido à narrativa. Para onde vão? De que fogem? Apesar do movimento, o peso de tudo o que viveram segue atormentando cada um deles.

Tero e Abigail são ex-atores pornôs que se conheceram em cena. Um dia, ela resolve buscar a filha na casa da mãe, deixar um bilhete como justificativa e seguir apressada em uma fuga sem destino. Ela se aventura com a filha a cruzar estradas na companhia de um homem, na esperança de se casar de novo, de ter outro filho, de construir uma nova vida.

Tero se lembra da esposa, de sua infidelidade, da insatisfação de uma vida a dois, do dia em que saiu para dar uma volta e resolveu não retornar mais. Mas não consegue deixar de formar cenas do passado em sua mente, enquanto parece cada vez mais deprimido ao lado de Abigail.

A menina é a personificação do sonho. Andrea usa a imaginação infantil para transformar uma paisagem inóspita, imagina que voa e que se transforma nos mais diferentes personagens. Para narrar a história, Barrientos cria um documentarista, personagem que investiga o próprio passado tentando dar forma à trajetória dos outros.

O romance do boliviano Maximiliano Barrientos ainda é complementado com uma entrevista com o autor, feita por Joca RennersTerron, que assina também a tradução do livro. É mais uma importante oportunidade do leitor brasileiro conhecer a literatura produzida pelos países vizinhos, ainda pouco conhecida por aqui.



Livro: Um Homem Morto A Pontapés
Autor: Pablo Palacio
Coleção: Otra Língua

Publicados originalmente em 1927, quando Pablo Palacios não ultrapassava os 21 anos, a coletânea de contos Um homem morto a pontapés e a novela Débora são verdadeiros marcos da vanguarda literária hispano-americana, tanto em seu aspecto formal quanto temático. Inédito no Brasil, o autor equatoriano que nasceu em 1906 e faleceu em 1947, tendo vivido seus últimos anos num hospital psiquiátrico, teve sua obra, durante um longo período, interpretada pela chave da loucura, ao abordar temas anteriormente intocados pela ficção no continente e por flertar com o absurdo, o irreverente e o grotesco, num período em que predominava uma abordagem realista da literatura.



Livro: Alice: Não mais que de repente
Autor: B. Kucinski

Entre os muros da USP, um crime inconfessável é o ponto de partida para uma trama labiríntica em que um bem construído elenco de personagens – da vítima à mente criminosa, do delegado investigador ao professor chocado, todos com suas fragilidades, vaidades, medos, erros e acertos – forma um conjunto extremamente humano e simbólico da sociedade contemporânea. Este é o mote de Alice: Não mais que de repente, do aclamado jornalista e cientista político Bernardo Kucinski. Sob a assinatura de B. Kucinski, ele dá forma a um romance policial ambientado na mais prestigiada universidade brasileira.

No livro, uma jovem cientista é encontrada morta em sua sala, no Instituto de Ciências Físicas. Uma morte de causas não naturais, como logo percebe a perícia. E cercada de mistério. Alice Nakamura, a vítima, era considerada um gênio da matemática. Jovem, bonita e promissora, mantinha uma rotina sossegada, cujo foco era sua pesquisa: estava às vésperas de concluir uma importante descoberta. Não tinha problemas de saúde, inimigos, questões passionais. Era querida pelos colegas e pelos alunos. Não havia sinais de roubo. Por que, então, uma morte tão súbita? O que representa aquela tentativa de bilhete escrito a sangue, onde só se lê um esboço de letra “P”? 

Magno, um experiente delegado de polícia, assume a missão de desvendar o caso. Mas não é o único. Rogério, orientando de Alice, também busca, às escondidas, pistas sobre o suposto crime. Para isso, conta com os conselhos de Zimmerwald, um velho cientista banido da universidade, que agora leciona Arte. Juntos, vão observar com desconfiança as possíveis peças desse intrincado quebra-cabeça, como a estranha visita de um professor americano, as promíscuas relações no ambiente acadêmico e o passado de uma família de imigrantes japoneses que tiveram que readaptar, à realidade brasileira, os costumes de seu país.

Alice marca a incursão de B. Kucinski no universo policial. Como em K., seu aclamado romance de estreia, o suspense aparece de forma intensa, irresistível. Seu estilo, porém, revela surpresas. Em vez do tom intimista de sua prosa anterior, marcada pelo jogo de tensões, agonias e pelos caminhos fragmentados, Alice desvela uma trama ágil – como num elogio às clássicas novelas policiais, e em especial ao "whodunnit" de Agatha Christie e Arthur Conan Doyle, no qual há muitos suspeitos, mas o verdadeiro criminoso só será revelado no final. 

Ao mesmo tempo, este novo romance passeia com desenvoltura e coragem por temas muitas vezes nebulosos do Brasil contemporâneo, como as pesquisas do universo nuclear, as mazelas do ambiente acadêmico - onde nem sempre a ética permeia a produção científica – e os ainda velados preconceitos de gênero.



Livro: Scarlet
Autor: Crônicas Lunares
Coleção: Marissa Meyer

Depois do sucesso de Cinder, trabalho de estreia da escritora norte-americana Marissa Meyer e primeiro volume da série Crônicas Lunares, que chegou ao concorrido ranking dos mais vendidos do The New York Times, a autora está de volta com mais um conto de fadas futurista. Scarlet, segundo livro da saga, é inspirado em Chapeuzinho Vermelho e mostra o encontro da heroína ciborgue que dá nome ao romance anterior com uma jovem ruiva que está em busca da avó desaparecida.

Criada em Rieux, na França, pela avó Michelle Benoit, Scarlet levava uma vida tranquila na fazenda da família. Quando Michelle desaparece misteriosamente e a polícia arquiva o caso por falta de provas, a neta não se dá por satisfeita e decide fazer o possível para descobrir o que aconteceu. Mas uma outra surpresa aguarda a jovem: um lutador de rua apelidado de Lobo cruza seu caminho e se oferece para ajudá-la.

Paralelamente, a ciborgue Cinder escapa da cadeia na companhia de Carswell Thorne, ex-cadete da Força Aérea condenado a seis anos de prisão. A bordo de uma nave que Thorne roubou das Forças Armadas da República da América, seu país natal, os dois partem para a Europa. Cinder, cuja verdadeira identidade é Selene, uma princesa do povo lunar e legítima herdeira do trono, quer encontrar Michelle Benoit na esperança de saber mais sobre a própria vida. Afinal, ela foi levada para a Terra ainda criança após sofrer uma tentativa de assassinato comandada por Levana, a atual rainha de Luna.

Que segredos guarda Michelle Benoit? Ela está viva ou morta? Quem a levou? Caberá ao quarteto formado por Scarlet, Lobo, Cinder e Thorne arriscar a vida em busca de respostas. Em uma trama recheada de ação e aventura, com um toque de sensualidade e ficção científica, Marissa Meyer prende a atenção e deixa os leitores ansiosos pelos próximos volumes das Crônicas Lunares.



Enfim, essa é a primeira parte dos lançamentos da Editora Rocco para esse mês, ainda faltam seis livros, mas falarei deles apenas na semana que vem já que a correria por aqui não parou ainda.

Beijinhos e até a próxima.

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