[ESPECIAL] Semana Toda Luz que não Podemos Ver #4


E a semana especial está quase chegando ao fim. No tema de hoje, temos alguns trechos dos que mais gostamos nos livros. Espero que gostem.
Ao anoitecer, eles jorram do céu. Pairam acima das muralhas, fazem acrobacias sobre os telhados, esvoaçam nos espaços entre as casas. Dançam em redemoinhos que preenchem ruas inteiras, salpicam de branco as pedras do pavimento. "Mensagem urgente para os habitantes desta cidade", dizem. "Partam imediatamente para o campo aberto."
Um caminhão passa na rua. Uma onda quebra na Plage du Môle, a cinquenta metros de distância. Eles apenas enunciam as palavras, pensa Marie, e o que são as palavras senão sons que estes homem moldam com seu fôlego, vapores leves que jogam no ar da cozinha, onde se espalham e morrem.

Werner fica impressionado ao perceber exatamente naquele momento como é extraordinariamente frívolo construir prédios esplêndidos, compor música, cantar canções, imprimir livros colossais repletos de pássaros coloridos diante da indiferença sísmica e controladora do mundo – quanta pretensão têm os seres humanos! Por que alguém vai se dar ao luxo de compor uma música se o silêncio e o vento são tão mais amplos? Por que alguém vai acender as luzes se as trevas vão inevitavelmente apagá-las? Se os prisioneiros russos são acorrentados a cercas, em grupos de três ou quatro, enquanto os soldados alemães enfiam granadas destravadas em seus bolsos e fogem?
Ela só quer voltar para casa, ficar no apartamento deles, de quatro cômodos, e ouvir a castanheira farfalhando na janela do pai; ouvir o vendedor de queijo levantar o toldo, sentir os dedos do pai se fecharem em torno dos dela. 
Só isso mesmo. Post bem curtinho, mas com alguns trechos bem interessantes e belos do livro. Amanhã devo encerrar a semana com algum conteúdo a decidir ainda. Então, até.

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