Olá pessoal! Feliz ano novo a todos! 2021 chega com a esperança de ser um ano melhor a todos nós, depois de um desafiante 2020. E hoje venho trazendo minha primeira resenha desse ano, a aguardada conclusão de As provações de Apolo.
Enfim chegamos ao final dessa aventura que durou cinco livros. A torre de Nero parte, claro, logo após os acontecimentos de A tumba do tirano. A batalha no Acampamento Júpiter deixou muitas marcas, mas também o alívio de livrar-se de três adversários poderosos que poderiam dar fim a tudo o que encontravam pela frente. Mas ainda restava pela frente o mais perigoso e agora também o mais poderoso após a morte de todos os demais: Nero. Além, é claro, da ameaça de Píton, que aguarda a oportunidade para seu último movimento e tomar de vez o controle da mais poderosa fonte de profecias: O Oráculo de Delfos.
Quero dar início às minhas impressões com uma opinião que acredito ser importante vir logo: eu não gostei do volume final da série. De longe me pareceu o mais fraco e sem emoção de toda a saga. Depois de um incrível volume 4, era de se esperar que a conclusão fosse nos despertar ainda mais emoções.
Apolo e Meg precisam voltar para onde tudo começou: Nova York. É lá onde Nero os aguarda, do topo de seu prédio. E é lá onde todas as provações de Apolo chegarão ao seu fim, seja com sua morte ou com ele salvando todos e finalmente tendo seus poderes de volta. Antes os dois precisam dar uma passada no Acampamento Meio Sangue, também como forma de reunir o que puderem de ajuda para enfrentar o mais temido e louco imperador romano.
Os melhores momentos do livro definitivamente estão no início. Alguns bons momentos cômicos com Meg (que parece ter sido jogada de forma definitiva a esse papel). Sonhos proféticos de Apolo e planos sendo traçados de acordo com os movimentos que Nero orquestra do alto de sua arrogância. E é uma pena que quase tudo pare por aí.
Uma coisa que logo fica claro em A torre de Nero é que os clichês de Rick Riordan ganham mais peso do que a narrativa que ele constrói para seus personagens. Coisas que passavam batidas em livros anteriores, aqui saltam aos olhos e incomodam. Como o fato do autor sempre inserir momentos em que os personagens conhecem algo, alguém, uma possível ajuda, uma resolução de enigma, o entendimento de um detalhe de uma profecia, que já sabemos o papel que terá na trama, mas que por algum motivo ele sempre esconde por algumas páginas ou capítulos a mais, em favor de um suspense em que as respostas quase sempre não suprem as expectativas.
Daí partimos para o ponto em que finalmente chegamos aos aguardados embates finais (já que o que vem antes pouco nos entrega de interessante). A ação não se compara ao que acontece no livro anterior. Tudo passa muito rápido (por acompanharmos um Apolo desesperado por fazer determinada coisa). Com exceção de uma cena logo após a chegada de Meg e Apolo na torre de Nero, que tem como objetivo chocar e até criar uma certa expectativa em cima do que o vilão é capaz de fazer e uma outra sequência protagonizada pelo nosso protagonista, as demais só passam a sensação de que tem uma grande luta acontecendo, mas pouco a acompanhamos de fato.
O confronto com Nero é uma piada. Literalmente. É uma sucessão de acontecimentos dignos de um filme de comédia pastelão. O mais temido, ainda mais poderoso após a morte dos outros imperadores do Triunvirato, banhado em sua arrogância, é protagonista do pior momento de um vilão em toda a série. E na hora de decidir usar seu poder, bem, Apolo já está com uma pequena fração de seu poder e isso já é mais do que suficiente. Daí vocês podem imaginar o que acontece. E eu não vou nem falar de Píton para não me estender demais no papel risível dos vilões neste livro.
Nem tudo é um grande problema. Apolo só se consolida como um personagem excelente e com uma incrível evolução ao longo de toda a série. Se no livro anterior ele já nos passava a impressão de que realmente se importava com o que de pior poderia acontecer, neste ele já nos dá total certeza, chegando ao ponto de se dispor a se sacrificar se isso significasse salvar os amigos que fez ao longo de sua jornada como humano.
Nico di Angelo, assim como Will Solace estão de volta com um papel importante. Papel inclusive que planta dúvidas em relação ao que o próprio Rick Riordan disse sobre a saga Greco-Romana do Riordanverso ter chegado ao seu fim, já que planta sementes de uma aventura protagonizada por Nico. Sem contar Quiron, que estava resolvendo algo no início do livro, com conhecidos de outros panteões, longe de nossos olhares como leitores. Acredito ser quase certo de que teremos mais do universo nórdico e talvez algo mais.
Rachel Elizabeth Dare, Oráculo de Delfos e que se encontra em uma posição delicada com Píton tomando controle da mais poderosa fonte de profecias, também tem papel importante na trama.
E Meg? Eu lembro bem que falei na resenha do quarto livro do quanto esse livro prometia para a personagem. Ela finalmente sairia de seu papel apagado como co-protagonista e brilharia ao se ver cara a cara com Nero. A própria provação com um forte peso emocional. E ficou só na promessa mesmo. Como dito: Meg foi realmente jogada de escanteio para o papel de mais um alívio cômico. Seu papel na resolução de tudo é bem reduzido, quase insignificante.
A torre de Nero não arranha o peso emocional da morte de Jason no terceiro livro, ou sequer nos entrega a sensação de perigo real do quarto livro. Não chega a ser uma grande mancha nos ótimos livros anteriores. É sem emoção, previsível, sem coragem e de soluções fáceis. Um fim decepcionante para o universo Greco-Romano do autor.
Autor: Rick Riordan | Editora: Intrínseca | Páginas: 336 | Ano: 2020 | Tradução: Giu Alonso e Regiane Winarski
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