[COLUNA] Vagando nos Clássicos - A Vida Como Ela É...

Autor: Nelson Rodrigues
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 496
Ano: 2012
Sinopse: Em 1950, quando começou a publicar diariamente a coluna “A vida como ela é...” no periódico Última Hora, Nelson Rodrigues já havia passado pela redação dos jornais A Manhã, Crítica, Jornal dos Sports e O Globo. Também já havia deixado sua marca na história do teatro nacional, com a revolucionária montagem de Vestido de noiva, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1943.
Encomendada por Samuel Wainer para seu jornal, a coluna estreou em 12 de junho de 1951 e tornou-se um grande sucesso em poucas semanas. Seus contos recriam alguns dos temas caros ao escritor: a fidelidade, o ciúme, a dualidade entre amor e sexo e a distância moral entre as antigas famílias do subúrbio do Rio de Janeiro e a nascente população de classe média e alta de Copacabana e arredores.

Em 1961, “A vida como ela é...” deixou as páginas do Última Hora e passou a ser publicada no Diário da Noite, de Assis Chateaubriand, no qual Nelson permaneceu por um curto período antes de retornar a O Globo, em 1962, dessa vez assinando a seção de esportes.
Ainda em 1961, Nelson Rodrigues fez a seleção dos cem melhores contos de “A vida como ela é...”, incluindo textos que ficaram célebres, como “A dama do lotação” e “A coroa de orquídeas”, entre outros. Em comemoração ao centenário do autor, a editora Nova Fronteira inaugura a reedição de sua obra em prosa justamente por este que é um de seus títulos mais conhecidos.

Está no ar a segunda edição da coluna “Vagando nos Clássicos”, dessa vez com uma coletânea de contos aclamados de Nelson Rodrigues.

Interessante a forma com que o livro chegou até mim. Meu pai, em um certo dia, na casa de um dos clientes que a fábrica de móveis que ele trabalha atende, percebe que algumas coisas do tal cliente estavam sendo separadas para serem jogadas fora. Não faço ideia do que mais estava lá, só sei que esse livro de Nelson Rodrigues estava no meio. Meu pai, sabendo que eu gosto de ler, foi lá, perguntou se podia pegar e depois de receber permissão, trouxe pra casa. Legal não? Enfim, foi uma ótima leitura, com seus contratempos, mas ainda assim, ótima. Então, conheçam um pouco mais sobre o autor e o livro logo abaixo.

Sobre o Autor

Nelson Rodrigues foi jornalista e escritor. É considerado o mais influente dramaturgo brasileiro. Nasceu em Recife-PE, no ano de 1912 e em 1916, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde morou até a sua morte em 1980.

Sua experiência para escrever suas peças sobre a sociedade vieram de anos como repórter policial. A primeira peça escrita por ele foi A Mulher sem Pecado (1941), que serviu para colocá-lo como um nome promissor no cenário da dramaturgia nacional. O sucesso surgiu com a peça Vestido de Noiva (1943), que na época, foi uma grande renovação nos palcos brasileiros, dando início à renovação dos teatros nacionais.

Escreveu também crônicas esportivas, demonstrando seu amor ao futebol. Muitas de suas obras também são considerados como marcos em sua carreiras, inclusive os contos de A Vida Como Ela É.

A Vida Como Ela É

Os 100 contos que estão compilados nessa edição da Nova Fronteira tem entre sua maioria, características bem semelhantes uns aos outros.

Todos eles levam a marca que levaram Nelson Rodrigues a se tornar conhecido. A vida social, o erotismo altamente marcado dentro de sua prosa, tornando seus textos tão realistas quanto os de autores consagrados, como Eça de Queiroz. 

Traição é o tema mais recorrente em meio aos 100 contos. Da mulher considerada séria pela sociedade, que não levanta a mínima suspeita, aos homens que vêem esse ato como algo natural e que é tudo o rumo que as coisas tomam. Se não traiu, vai trair. É simples e direto a maneira com que tudo começa e termina. Nos contos, se o homem é sério demais, é levado à traição por influência dos amigos. A mulher da mesma maneira. E há casos em que a traição é até permitida. Outros temas também tem seu espaço nos textos do autor, como morte e homossexualidade, entre outros.

É um livro que não tem muito do que se tirar, mas serve bastante como uma lição histórica da sociedade carioca que Nelson buscou retratar entre as linhas. É uma coletânea com grandes contos, que em certos pontos cansam pela falta de diferença entre uns e outros. Muitos são tão parecidos que por vezes não somos surpreendidos em nada ao final deles. Já outros, que estão bem posicionados dentro do livro, servem como ânimo para prosseguir com a leitura, tamanha a qualidade e genialidade com que o autor trata do assunto. Fica claro o quanto ele buscou retratar a realidade da melhor maneira possível e, pelo conjunto da obra, A Vida Como Ela É justifica o sucesso que fez nas páginas de jornais, nos palcos, na TV e no cinema.

É isso aí, fim da segunda edição da coluna. Sem prometer prazos, em breve mais um clássico pra vocês, bem provável que seja internacional dessa vez.

Até a próxima!

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