[RESENHA] A Culpa é das Estrelas

Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Páginas: 288
Ano: 2012
Classificação: 4/5
Sinopse: A culpa é das estrelas narra o romance de dois adolescentes que se conhecem (e se apaixonam) em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer: Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters, de dezessete, ex-jogador de basquete que perdeu a perna para o osteosarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer - a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas. Inspirador, corajoso, irreverente e brutal, A culpa é das estrelas é a obra mais ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar.

Bom, primeiramente vamos deixar algumas coisas bem claras:
1 - Não, eu não sou gay. Sim, é possível curtir o livro/filme e continuar sendo hétero.
2 - Se você é machista ao extremo e pensa que essa é apenas mais uma historinha de amor adolescente melosa e que é muito gay gostar dela, essa resenha não é para você e seu cérebro Neandertal primitivo e subdesenvolvido. Pare aqui mesmo.
Bom, após deixar essas duas observações bem claras, vamos seguir com a crítica. A maioria dos livros que li e leio, despertaram o meu interesse porque são voltados ao gênero dos quadrinhos e fantasia (geralmente derivados de algum game, anime, mangá ou HQ que eu gosto e acompanho), ou, são histórias que fizeram tanto sucesso que se tornaram blockbusters nas telonas. Bem, "A Culpa é das Estrelas" se encaixa no segundo caso.
Entenda: não sou fã de romances, nunca fui. Porém, de vez enquando surgem raríssimas exceções que conseguem chamar minha atenção. E foi esse o caso. Me interessei pela obra ao assistir o trailer. Trailer esse que deixava bem claro uma coisa: esta é uma história de romance adolescente sim, mas não é meloso como costumam ser as histórias do gênero. É um romance que também é drama e que traz várias lições de vida e motivos para refletir. Não tenho vergonha nenhuma de dizer que o suor lacrimal escorreu feito água dos meus glóbulos oculares no cinema. E acreditem, eu não estava sozinho nessa: minha namorada que também nunca curtiu o gênero(!), também chorou feito criança, assim como cada pessoa que ocupava uma das cadeiras da sala naquela sessão.


Pela primeira vez na minha vida, posso dizer que a 20th Century Fox acertou em uma adaptação. Vários diálogos foram transcritos do livro diretamente para as falas dos personagens, exatamente como uma adaptação deve ser. E por incrível que pareça dizer isso, posso afirmar com muita certeza e convicção que o filme é melhor que o livro. Porque? Bem, posso citar essencialmente dois motivos:
1 - Uma das coisas que me deixou incomodado durante a leitura, era a forma como Hazel descreve Augustus, exaltando exageradamente suas virtudes físicas, como se o cara fosse um Deus grego perdido entre os mortais. Cara, pode ser bacana para as menininhas adolescentes de plantão, e, eu entendo que o livro é escrito sobre o olhar de alguém nessa faixa etária, mas para adultos e principalmente para pessoas do sexo masculino, como eu, isso é muito chato. No filme, Augustus foi interpretado por Ansel Ergot, uma ator adolescente "normal" se comparado ao personagem como é descrito no livro.
2 - O filme também é mais centrado e não perde tempo com capítulos ou passagens fúteis do livro, como quando Hazel vai ao shopping com uma amiga patricinha comemorar seu "trigésimo primeiro meio aniversário" (WHATS?!). Totalmente desnecessário. Vários outros detalhes foram adaptados de forma muito melhor para a versão cinematográfica.
Diferenças entre as mídias a parte, vamos falar da obra então como um todo.


A história começa de forma rápida e até mesmo meia abrupta, não tardando para vermos os dois protagonistas se conhecendo. Devido a sua fragilidade causada pelo câncer, Hazel não frequenta mais escola pública ou sequer sai muito de casa com os poucos amigos que ainda possui. Após muita insistência de sua mãe para que ela saia um pouco de casa e faça alguns novos amigos no grupo de apoio ao de seu bairro, Hazel aceita só para agradá-la. Lá, ela conhece o outro personagem dessa história: Augustus Waters. E é aqui que você tem a certeza de que esta é uma grande obra, já que algumas situações geram frases extremamente marcantes.

"- Augustus, talvez você queira falar de seus medos para o grupo.
- Meus medos?
- É.
- Eu tenho medo de ser esquecido. - disse ele de bate pronto - tenho medo disso como um cego tem medo do escuro."
Gus em sua apresentação no Grupo de Apoio - Pág 18

É até estranho acompanhar o início da relação dos dois. Hazel apesar de bonita e extremamente inteligente, é uma garota insegura acerca de sua aparência devido a doença. Já Augustus, não fica atrás no quesito inteligência, sendo um garoto igualmente perspicaz, porém muito autoconfiante, tendo sempre uma resposta para tudo. Tenho que admitir que o rapaz é muito carismático. Me identifiquei com ele logo de início.
Hazel fica tão atraída por Augustus, a ponto de aceitar sem hesitação, o pedido dele logo após a reunião, de visitar seu quarto para assistirem um filme juntos (V de Vingança).

"Aí o Augustus colocou a mão no bolso e tirou de lá, por incrível que pareça, uma maço de cigarros.
Levantou a tampa da caixinha e colocou um cigarro na boca.
- Isso é sério?! - perguntei. - Você acha isso legal?
...
- Mesmo você tendo tido UM RAIO DE UM CÂNCER aindadá dinheiro para uma empresa em troca da chance de ter MAIS UM CÂNCER. Ai, meu Deus. Deixa eu só te dizer como é não conseguir respirar?
- É UM INFERNO!
...
- Eles não matam se você não acender... E eu nunca acendi nenhum. É uma metáfora. Tipo: você coloca a coisa que mata entre os dentes, mas não dá a ela o poder de completar o serviço."
Diálogo entre Gus e Hazel - Págs 25 & 26

É ai que a história nos surpreende. Apesar de ambos se sentirem atraídos um pelo outro, o casal não fica junto logo de início. O relacionamento é bem explorado por John Green. Os dois primeiramente vão se tornando grandes amigos. A união afetiva só acontece quase na reta final do livro. Já que sua doença não tem cura, Hazel se sente como uma granada, pronta para explodir e levar aqueles que a amam para o buraco. O tratamento revolucionário (e fictício) ao qual é submetida, só prolonga sua vida. Por isso ela evita qualquer tipo de laço amoroso com Augustus.


Essa "demora" na união dos dois, abre perfeitamente espaço para o livro explorar outros aspectos acerca dos pacientes terminais do câncer. Hazel não é nenhuma coitadinha, tampouco o exemplo clássico de heroína sempre sorridente que enfrenta o câncer de peito aberto e com muita coragem. Ela é realista, e muitas vezes fria e sincera em seus pensamentos e colocações. Por isso a obra não possui nenhum lado fantasioso quanto a isso. É impossível ler sem se colocar em seu lugar e imaginar o sofrimento que o destino amaldiçoado causa a você e a todos ao seu redor.
Se você conseguiu passar batido por qualquer spoiler sobre o filme ou o livro, o final te surpreenderá. E novamente preciso comparar o livro ao filme. O livro é extremamente realista e cruel ao descrever os últimos dias de um paciente com câncer. Chegando ao ponto de me incomodar, já que é muito triste ver um personagem se deteriorar tanto. O filme não alivia, mas mostra de uma forma mais sutil essas mudanças, além de explorar ainda mais as cenas tristes.


Bem, peço perdão pela longa resenha. Como não leio tantos livros quanto a maioria das pessoas, podem ficar tranquilos que eu garanto que vai demorar a ter outra resenha do tipo. Espero que tenham gostado. Leiam o livro e depois assistam o filme. Vocês não vão se arrepender! =)

Trailer do Filme



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